Há muito que desejo fazer um blogue sobre a língua
portuguesa, não para tirar dúvidas, porque me falta autoridade, mas para as levantar.
Interessa-me falar sobre as minhas próprias dúvidas, as minhas hesitações, aquilo
que ignoro, aproveitando para reflectir sobre o erro, o seu significado e importância.
Não pretendo fazer loas ao erro, mas realçar a vitalidade que ele imprime à língua.
Há erros abomináveis, que provocam
doenças e deformações; há erros inofensivos, que só chateiam os canónicos e
puristas; e há erros deliciosos, que surgem tanto na literatura como nas
intermináveis e anónimas conversas do dia-a-dia para desorientar a gramática. Falar dos erros pode significar escolher os erros de que mais gostamos.
Há ainda, e sobretudo, o que não está
certo nem errado, o que tanto pode ser feito de uma maneira como de outra, ou o
que nos obriga a fazer escolhas, mais ou menos controversas. Falar dos erros pode significar tolerância.
Há, por fim, o que é erro, e deixou de ser... E aqui julgo que falamos do difícil equilíbrio entre a perda e o benefício.
[Mário Azevedo]